"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

04 fevereiro 2006

As Televisões do País do Euromilhões

Em semana de grande Jackpot do "Euromilhões", multiplicaram-se nos telejornais as tradicionais reportagens e directos dos locais de apostas, com as repetidas perguntas: "Então, quanto vai apostar?", "O que faria se ganhasse?", com as quais que se obtêm, geralmente, as mesmas respostas.
Mas, como se ainda não bastasse esta adesão em massa das televisões à "febre do Euromilhões", hoje, que já se sabe que houve um totalista português do primeiro prémio, assiste-se a algo ainda mais inacreditável: directos do local onde o vencedor registou a aposta!
Ficamos então a saber que se trata de uma papelaria num centro comercial de Odivelas. No meio de um magote, o jornalista cumpre ali um serviço de utilidade pública fundamental, e faz as perguntas da praxe à dona da loja; se já "deu" outros prémios (como se fosse ela que dá os prémios!), se sabia em que dia tinha sido registada a aposta (como poderia saber?!), e como ia garantir o anonimato do apostador, o que, acrescentou a jornalista, ia ser quase impossível com a quantidade de gente que ali estava.
Serei eu a única a achar estes directos completamente idiotas e vazios?... É que não acrescentam nada a não ser mostrar um conjunto de pessoas que não têm nada mais interessante para fazer do que concentrar-se na dita papelaria à espera que o totalista apareça. Mas que essas pessoas façam isso, é lá com elas, agora transformar isso em notícia, em tema de directo, em verdadeiro caso do dia?!
Será que um jornalista não se sente ridículo a desempenhar um papel tão triste?... Pelo menos parece...

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