"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

30 dezembro 2005

Bom Ano Novo!

Desejo um bom ano a todos os leitores do blog!
Que 2006 traga mais e melhor jornalismo a este país encantado das notícias.

28 dezembro 2005

Provedores do leitor

De há uns tempos para cá parece estar em "cima da mesa" a hipótese da criação de um provedor dos telespectadores na televisão pública, à semelhança da figura do provedor dos leitores que existe nos jornais.
Mas, se formos ver, mesmo nos jornais ele praticamente não existe. Para ser mais precisa, de entre os três principais jornais diários (Correio da Manhã, Diário de Notícias, e Público), apenas o Diário de Notícias tem a figura do provedor, função desempenhada por José Carlos Abrantes.
No Público, já existiu em tempos um Provedor. Mas neste momento não há.
No Correio da Manhã nunca existiu.
E fará falta um provedor dos leitores? Sou da opinião que sim. Demonstra vontade por parte de um jornal de manter o "diálogo" com os leitores, capacidade de se auto-criticar, desejo de contribuir para fazer melhor jornalismo, e sobretudo desejo de ir adaptando o jornal ao seu público, porque afinal é para ele que este é feito.
Em última análise, parece-me que tudo o que possa contribuir para fazer um melhor jornalismo é positivo. E a figura do provedor pode, a meu ver, contribuir para isso. Só é pena que apenas um dos principais jornais diários mantenha essa iniciativa...

20 dezembro 2005

Doutores e Jornalistas

Não resisto a registar aqui uma tendência que tenho vindo a verificar: a de alguns jornalistas serem tratados por "doutores" pelos seus interlocutores.
Nomeadamente, reparo nisso quase todos os dias, ao ouvir o programa "Antena Aberta" da Antena 1, no qual a moderadora, Eduarda Maio, é abundantemente tratada por "doutora" pelos ouvintes. Outro caso, julgo que mais conhecido, é o de Judite de Sousa, várias vezes referida da mesma forma. Não sei se existirão ainda outros casos...
Não estando aqui em causa a legitimidade de tal título, não deixo de achar curiosa esta espécie de "elevação" de alguns jornalistas em relação a outros. Dá que pensar: porque será? É que jornalistas "doutores" há outros, e a tendência é para haver cada vez mais... No entanto, poucos têm a "honra" de serem tratados dessa forma... Já imaginaram um político ser interpelado na rua por um repórter, e responder-lhe: "ó doutor...". Eu não imagino! E no entanto, esse jornalista repórter pode ser tão doutor como os outros...
E já agora, enquanto espectadora ou ouvinte, confesso que me causa certo incómodo ouvir o jornalista ser tratado desse modo. É como se o pusesse numa posição mais elevada. E o ideal é que o jornalista esteja ao mesmo nível que o seu público...

17 dezembro 2005

A Ténue Fronteira Entre o Jornalismo e a Opinião

Tem sido tema recorrente nos últimos posts, mas não posso deixar de o abordar mais uma vez, porque me deixa muitas dúvidas a forma como às vezes os resumos dos debates são feitos.
Mais uma vez refiro aqui o Correio da Manhã.
Serão títulos como "Soares dá lição a Louçã", aceitáveis do ponto de vista jornalístico? É o jornalista que decide quem deu lição a quem? É que isso implica, para além de fazer um juízo, tomar um partido.
Não se estará aqui a quebrar a ténue fronteira (que não deveria ser assim tão ténue) que separa o jornalismo da opinião?...


16 dezembro 2005

Terá Sido Falta de Imaginação?...

E eis que no fim do debate entre Francisco Louçã e Mário Soares, Ricardo Costa decide aproveitar o pouco tempo que resta para colocar a Louçã uma questão de importância vital para o país:
"Se for eleito Presidente da República vai passar a usar gravata?"
Pergunto: terá sido falta de imaginação do jornalista? Não se terá lembrado de nada melhor com que aproveitar o minuto que restava?...

Sem Comentários (Actualização)

Cerca de 12 horas depois, alguém se apercebeu do erro...
É caso para dizer: mais vale tarde do que nunca.

15 dezembro 2005

Sem Comentários

Notícia SIC: "Paulo Pedroso acusa Souto Moura de imparcialidade".
Acusação estranha... então não é suposto o Procurador geral da República ser imparcial?... Continuo a ler a notícia. Leio que afinal o que Pedroso disse foi que "existiu uma violação do dever de imparcialidade por parte da Procuradoria Geral na República no caso Casa Pia".
Ah, afinal foi isso...
Sem comentários.

10 dezembro 2005

Isto é mesmo o resumo de um debate?...

textos que me questiono se serão jornalísticos...
"Como não tinha nada a perder, Francisco Louçã procurou(...)"
"Estava dado o mote para um confronto político que iria ser marcado, como se esperava, por posições opostas."
"Com esta tirada, Cavaco Silva, que iniciara o debate com sinais de tenção bem expressos no rosto, inverteu o curso do debate"
Dá-me a sensação de estar a ler o relato de um jogo de futebol, ou um resumo de uma telenovela! Acho que é possível fazer um resumo do debate sem utilizar certo tipo de frases, que além do mais, por vezes revelam uma opinião do jornalista que não devia transparecer...

09 dezembro 2005

Debates "à americana" nas televisões portuguesas

Faço minhas as palavras de José António Lima neste texto sobre os debates televisivos para as eleições presidenciais.
E tenho de confessar que gostei mais do debate de ontem. Independentemente dos candidatos, a nível de organização televisiva, acho que correu melhor do que o primeiro. Foi menos rígido, não se sentia tanto a ditadura do tempo, e penso que José Alberto Carvalho e Judite de Sousa conseguiram criar um bom equilíbrio.
Depois há também pequenos pormenores que contam, como o cenário, que me pareceu mais agradável do que o escolhido pela SIC, e o posicionamento dos candidatos (continuavam a não estar frente a frente, mas mesmo assim estavam mais em contacto do que no debate da SIC, não dava tanto a sensação de estar cada um para seu lado). Além disso, o próprio posicionamento dos entrevistadores é importante, e também nesse sentido me pareceu que a escolha feita pela RTP foi melhor.
Mas, independentemente das escolhas feitas por cada estação televisiva, há questões que permanecem: será que este é o modelo certo a adoptar? Será que achamos que ele não resulta apenas porque não estamos habituados, é uma questão de tempo? Ou não resulta mesmo?
Parece-me que a questão essencial é: será que o que se ganha em informação compensa a falta de interesse televisivo? O público fica mais e melhor informado desta forma?

03 dezembro 2005

Jornais do Futuro

O site do Clube de Jornalistas chama hoje a atenção para um exemplo daquilo que poderá ser o jornalismo do futuro. E coloca a questão que se impõe com o avanço das tecnologias: será que no futuro os jornais (nas suas edições em papel) irão desaparecer? Será que vamos chegar ao ponto de deixar de haver jornais no seu suporte tradicional?
Confesso que tenho dificuldade em imaginar isso a acontecer, mas o futuro o dirá.
Até lá, acho que vale a pena apreciar exemplos como este do The Sacramento Bee, que nos apresenta uma forma inovadora de fazer jornalismo, e uma proposta de adaptação da actividade jornalística às novas tecnologias, aproveitando o que de melhor elas têm para oferecer.

Propaganda não é Jornalismo

Que a propaganda é uma parte interveniente nas guerras, já se sabia. E os EUA não fizeram por menos: aprovaram um programa multimilionário que se destina a pagar a jornais e jornalistas iraquianos para publicarem histórias favoráveis à ocupação americana. Nem mais nem menos. Na perspectiva destes senhores, só assim se pode apurar a verdade. A verdade deles, é claro.
Mas, como sempre, a Casa Branca nega desconhecer a situação (mesmo perante o orçamento de milhões de dólares destinados a esse fim), e diz que vai abrir uma investigação.
Porque será que tenho o pressentimento de que essa investigação nunca irá chegar a nenhuma conclusão?...

01 dezembro 2005

Os Petiscos de 'Bibi'

São pormenores destes que enriquecem o jornalismo...
"OS PETISCOS DE BIBI

Desde que foi solto na passada sexta-feira dia 25 de Novembro, Carlos Silvino tem uma nova preocupação: cozinhar as suas refeições. Depois de um primeiro dia no Tribunal de Monsanto a comer sandes, para a 115ª sessão 'Bibi' levou uma salada de atum para o almoço, confeccionada na terça-feira à noite na casa onde vive, no Bairro de Santos, em Lisboa.
Segundo apurou o CM, apesar de estar em liberdade, o ex-motorista da Casa Pia, ao contrário dos restantes arguidos, não vai almoçar fora por questões económicas e de segurança." (edição de hoje do Correio da Manhã).
Pergunto: a QUEM é que interessam estes pormenores? Pelos vistos aos jornalistas do Correio da Manhã... Não só se deram ao trabalho de ver o que é que 'Bibi' levava para o almoço, como sabem que o mesmo almoço tinha sido confeccionado em sua casa na terça-feira à noite, como, e isto é o mais genial: ainda apuraram que 'Bibi' não vai almoçar fora por razões económicas e de segurança. Chama-se a isto um trabalho de grande investigação jornalística!