"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

31 janeiro 2006

Revisor Procura-se

A título de curiosidade, deixo aqui um link para um anúncio em que se pede um revisor para jornal. Entre outras coisas, pede-se que o candidato tenha "domínio da língua portuguesa". Chamem-me exigente, mas não se devia sublinhar especialmente este requisito pedindo um "bom domínio da língua portuguesa"? É que exigir de um revisor que tenha domínio da língua portuguesa, acho que é o mínimo dos mínimos!
Pede-se também ao candidato que tenha, no mínimo, 10 anos de experiência no jornalismo, e valorizam-se os factores experiência e idade. Mas será que experiência (mesmo que 10 anos) no jornalismo, equivalem a ter um bom domínio da língua portuguesa?...
Enfim, deixo aqui as dúvidas, ainda como "achega" ao último post.

29 janeiro 2006

Leitores "cançados" de erros

Na página 59 da revista Domingo do Correio da Manhã, num artigo sobre o fotógrafo Eduardo Gageiro, lê-se a dado momento: "Cançado, a arfar, mas cheio de adrenalina (...)".
Sinceramente, custa-me a entender como é que erros destes passam...

28 janeiro 2006

O Jornal dos Pobres

Não resisto a colocar aqui este artigo, que vem na última edição do Courrier Internacional:

"O quadro preto é o jornal dos pobres
À priori, o giz é uma substância inofensiva. Porém, nas mãos de Alfred Sirleaf, as autoridades liberianas viram nele uma arma mortal. O suficiente para o espancar, exibir nu pelas ruas e finalmente obrigá-lo ao exílio durante a guerra civil da Libéria.
Num país onde os jornais são um luxo para a minoria dos que sabem ler e onde os outros não têm evidentemente acesso a eles Sirleaf tentava colocar a informação ao alcance do maior número de pessoas com desenhos humorísticos e parangonas. Foi esse o seu crime. Todas as manhãs, abria a porta da casa de madeira a que chamava redacção e começava a escrever as notícias do dia num quadro preto giratório. Verificando a ortografia das palavras num dicionário dos anos 70, que um diplomata lhe oferecera, compunha cuidadosamente a primeira página do «Daily Talk», e rodava o quadro negro na direcção dos peões e dos condutores, nesta rua intrasitável de Monróvia.
O poder instituído não apreciou o seu sucesso popular e obrigou-o a fechar as portas. Mas, após dois anos de paz, Sirleaf decidiu que podia regressar ao seu país e assistir às primeiras eleições do pós-guerra na Libéria.
Assim, no momento em que uma antiga estrela de futebol e uma economista disputavam a presidência, Sirleaf encadeava as edições para informar os habitantes do seu bairro, demasiado pobres para comprarem um diário, ou mesmo para possuir um rádio. «A pobreza é um flagelo neste país, mas mesmo assim as pessoas têm o direito de saber o que se passa», explica este homem de trinta anos que não frequentou nenhuma escola de jornalismo e conta com a boa vontade dos vizinhos para dar vida à sua «redacção».
«Quero educar os liberianos», explica. «O mais importante é mantermo-nos neutros, embora haja sempre pessoas que nos acusam de sermos parciais. Assim, durante estas eleições, o facto de ter o mesmo nome qie uma das candidatas, prejudicou-me». A sua homónima, Ellen Johnson-Sirleaf, estudou em Harvard. Foi ela que ganhou as presidenciais, tornando-se a primeira mulher Chefe de Estado em África.
Num país ainda marcado pela guerra - as paredes de Monróvia estão crivadas de balas- sem água canalizada nem electricidade, mesmo na capital, onde a taxa de desemprego atinge os 80 por cento, a Presidente não tem tarefa fácil. Para Sirleaf, a corrupção está no centro do problema: vai manter debaixo de olho a nova equipa governamental para se assegurar de que esta não deita mãos aos recursos da Libéria (borracha ou diamantes), como fizeram as anteriores.
Sirleaf teve aborrecimentos no passado, quando criticou as despesas exorbitantes do Governo. Em 2000, fez um desenho de Charles Taylor, o senhor da guerra que nessa altura era Presidente, onde este era visto a distribuir dinheiro a torto e a direito numa discoteca nocturna, enquanto lá fora as pessoas morriam. Pouco depois, viu chegarem a sua casa, de jipe, alguns soldados que lhe rasgaram as roupas e o obrigaram a caminhar até ao palácio presidencial cobreto com uma simples ardósia. Os esbirros de Taylor destruíram-lhe a casa e ele teve de fugir para o Gana. Agora, está de novo em casa, cheio de esperança no futuro. «Há mais pessoas honestas do que canalhas na Libéria», assegura. «Chegou o momento de os honestos levarem a melhor».
Claire Soares, The Guardian, Londres"

26 janeiro 2006

O Poder da Escolha

Um dos casos polémicos da noite eleitoral foi o "corte" da palavra ao candidato Manuel Alegre.
Esse caso foi também alvo de discussão no programa de ontem do Clube de Jornalistas. Penso que é de salientar a posição do jornalista João Adelino Faria, que, quando questionado sobre a decisão tomada (neste caso pela SIC), admitiu que foi um erro. Um erro de que só se deram conta depois de já o terem cometido, pois, como explicou, a decisão teve que ser tomada em escassos segundos, e como tal não houve tempo para pensar.
Esse erro foi cometido por todos os canais, mas foi positivo ver um jornalista de um deles a admitir o erro. Sim, porque os jornalistas também têm direito de errar. Mas quando o fazem raramente o admitem...
Independentemente de outras possíveis culpas de responsáveis políticos, penso que as televisões não se podem demitir de uma parte de responsabilidade no que se passou. Era uma decisão difícil, que tinha de ser tomada em muito pouco tempo, compreende-se, mas é discutível se terá sido a mais correcta. Era, no fundo, uma questão de decidir o que tinha mais importância como notícia naquele momento: o discurso do candidato que tinha ficado colocado em segundo lugar, e como uma votação considerável, ou o do primeiro-ministro? As televisões escolheram o primeiro-ministro...
João Adelino Faria referiu ainda que a SIC teve o cuidado de corrigir imediatamente o erro, pondo de seguida no ar a gravação do discurso completo de Manuel Alegre. Não sei se as outras televisões fizeram o mesmo. Se não o fizeram, penso que seria bom que o tivessem feito. Sempre seria um mal menor...

"Entre a Espada e a Parede"

No programa de ontem do Clube de Jornalistas, cujo tema era "A cobertura das Presidenciais nos media portugueses", a jornalista Maria Flor Pedroso referiu uma questão que penso que talvez seja interessante para reflectir.
Maria Flor Pedroso falou de uma "limitação editorial" por parte dos políticos, que prejudica o trabalho dos jornalistas. Isto a propósito do modo como foram organizados os debates para as eleições presidenciais, e nomeadamente o modelo escolhido, e a recusa por parte dos candidatos de realizarem um debate com todas as candidaturas.
O que se verificou foi que as candidaturas fizeram exigências em relação aos debates, e os jornalistas aceitaram fazê-los nas condições exigidas. E perguntava Ribeiro Cardoso, moderador do programa de ontem, porque é que os jornalistas se sujeitaram a essas limitações. A questão é: teriam alternativa? Isto é, penso que os jornalistas foram postos "entre a espada e a parede", não tinham ali grande poder de decisão.
E é este um dos casos em que podemos ver o problema de que falava Maria Flor Pedroso, de uma limitação editorial por parte do poder político.
Uma limitação que muitas vezes deixa os jornalistas sem poder de manobra. E, como também foi referido no programa, quem mais fica a perder é o público.

24 janeiro 2006

Alguém Se "Enganou"...

O Correio da Manhã noticia hoje que a TVI foi a estação mais vista na noite eleitoral.
Ora o que é curioso é que ontem ouvi a RTP dizer que tinha sido o seu o canal com maior audiência! Então em que ficamos? Há aqui alguém enganado... ou a querer enganar os telespectadores, o que é muito pior.

21 janeiro 2006

Onde Será Que Eu Já Vi Isto?...

Último número da Focus


Nº620 de 20 de Janeiro de 2005 da Visão


19 janeiro 2006

Boas Ideias Vindas do Brasil

"Crianças em risco" foi o tema do programa Clube de Jornalistas de ontem.
Numa altura em que as notícias sobre crianças (e nomeadamente os maus tratos a que são sujeitas) são mais frequentes que nunca nos nossos meios de comunicação social, o Clube procurou analisar como é feita essa cobertura, o que está mal no modo como é feita, o que se pode fazer para melhorar o trabalho dos jornalistas quando abordam estes temas, entre outras questões discutidas.
Falando-se de uma necessidade de maior preparação dos jornalistas para abordar estes temas, o programa deu a conhecer um projecto existente no Brasil desde 2000, que se destina precisamente a fazer essa ponte entre os media e as questões que afectam as crianças. Trata-se da ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), que entre muitas iniciativas, atribui o título de "Jornalista Amigo da Criança" a jornalistas que, pelo trabalho desenvolvido, tenham contribuido no sentido de um respeito pelos direitos das crianças e da construção de novos valores na sociedade em relação aos menores.
Junto-me aos intervenientes do Clube de Jornalistas de ontem quando manifestavam o desejo de ter um projecto semelhante cá em Portugal. Os bons exemplos são para se seguir. E a meu ver, este é mesmo um excelente exemplo...

18 janeiro 2006

(Vamos lá ver se os)Jornalistas Defendem a Língua Portuguesa...

Ora aqui está uma boa ideia. Se bem que acho que o título da notícia Jornalistas defendem a língua portuguesa, é questionável... deveriam defender, mas infelizmente sabemos que nem sempre isso acontece. Por isso mesmo, acho que são de louvar iniciativas como esta.
Não posso, no entanto, deixar de registar os "entraves" que desde logo Luís Marques põe a isto, dizendo que "o problema não é fácil de resolver, tendo em conta a pressão sobre os jornalistas na produção da informação", e que além disso é "um serviço pago". Não é fácil de resolver? De acordo, mas iniciativas como esta podem dar uma ajudinha, não? E parece-me que a pressão a que os jornalistas estão sujeitos também não pode servir de desculpa para tudo, porque há erros que se devem não a falta de tempo, mas a simples ignorância, e pior que a ignorância é a falta de cuidado em verificar se aquilo que se diz/escreve está correcto, o que não acredito que demore assim tanto tempo... Quanto ao preço a pagar pelo serviço... pois não sei quanto custará, mas será assim uma fortuna tão grande?...

15 janeiro 2006

A Primeira Jornalista Portuguesa

"Numa época em que as mulheres estavam confinadas à família, à música e aos bordados, Antónia Pusich defendeu que deveriam também aprender a ler e a escrever para poderem participar na vida social e política do país. Através dos jornais que fundou despertou nas mulheres o sentido cívico que viria a ser uma realidade nos séculos que se lhe seguiram."
Antónia Gertrudes Pusich foi a primeira jornalista portuguesa.

O Melhor e o Pior das Campanhas

Alguns jornais têm publicado junto às reportagens de cada dia da campanha eleitoral dos vários candidatos, pequenas notas que correspondem ao mais positivo e ao mais negativo desse dia de campanha.
Confesso que não vejo grande utilidade nesses apontamentos... Para além de serem questionáveis, porque implicam um juízo de valor por parte do jornalista, muitas vezes não dizem nada, isto é, a meu ver não acrescentam nada de realmente interessante, de informativo para o leitor. E, pior, às vezes nem se percebem bem, como este caso que vem hoje no Público, a propósito do dia de ontem da campanha de Cavaco Silva. Na parte do mais positivo, pode ler-se: "A capacidade de resistência dos apoiantes que pagam para ouvir Cavaco Silva discursar e o vêem ir embora, almoçado ou jantado, quando eles não sabem sequer «o que é o tacho»". Li várias vezes mas continuo sem perceber o que o jornalista quis dizer, e se afinal estava a elogiar ou a criticar.
Muitas das vezes, estes pequenos apontamentos resumem-se a comentários fúteis, e desprovidos de sentido, como se o jornalista não tivesse encontrado nada melhor para dizer. Encontro um exemplo (de entre muitos outros que poderia referir) na edição de hoje do Correio da Manhã, na reportagem relativa à campanha de Garcia Pereira. Naquilo que o jornalista elegeu como "o pior" pode ler-se: "Os pescadores, tímidos, fugiram das câmaras". Pergunto: em que é que este comentário é essencial, para mim, enquanto eleitora, para conhecer o candidato, neste caso Garcia Pereira? Pobres pescadores, nem eles escaparam aos imaginativos apontamentos dos jornalistas...

Dislates Maciços

O jornalista Ricardo Dias Felner, autor de uma reportagem sobre as campanhas para as eleições presidenciais, hoje publicada no jornal Público, parece ter tido dificuldades em acertar com o adjectivo "maciça". Pode ler-se no terceiro parágrafo: "Quando o PÚBLICO bateu na porta massiça (...)". Mas o vocabulário não lhe faltou para escrever que "Cavaco teve o primeiro dislate caricatural (...).
É a prova de como às vezes se descuram as coisas mais simples... Que, no caso de dúvida, se poderia ter evitado ao consultar um dicionário. O mesmo que contém a palavra dislate, equivalente a disparate, despautério.

12 janeiro 2006

O "Acordo Discriminador"

Para quem tiver curiosidade, aqui fica o link para o acordo que foi feito entre RTP, SIC e TVI para os debates televisivos da pré-campanha das eleições presidenciais.
Aquilo a que Francisco Rui Cádima, no seu blog Irreal TV, chamou "acordo discriminador".

Uns São Mais Candidatos Que Outros...

Penso que é inegável que o candidato à Presidência da República Garcia Pereira tem sido alvo de discriminação por parte da cobertura televisiva. Esse facto aliás já foi alvo de reparo por parte da AACS.
Entretanto, as televisões lá vão tentando "emendar a mão" como se viu hoje com a entrevista de Judite de Sousa a Garcia Pereira.

"Acarrétar"?!

Quando numa reportagem da SIC Notícias, um jornalista pronuncia "acarrétar" em vez de "acarretar", pergunto-me se será ignorância ou vontade de renovar a língua portuguesa... Não sei qual das hipóteses será mais preocupante... Mas dá-me vontade de mudar de canal.

10 janeiro 2006

Jornalistas na Corda Bamba

"Desemprego: Jornalistas na corda bamba" , um artigo de Vanda Ferreira na edição nº 24 na revista Jornalismo e Jornalistas.
Uma visão geral, e quanto a mim muito útil, da actual situação do (des)emprego na área do jornalismo, e das expectativas daqueles que estão agora a estudar para ser jornalistas.
Como é sabido, o cenário não é nada cor-de-rosa...

07 janeiro 2006

"A Internet assassinou os correspondentes"

A opinião é de Ramon Font, presidente da Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal.
Fica aqui o link para quem quiser ler a entrevista, e ficar a saber um pouco mais sobre a situação actual dos correspondentes estrangeiros.

O Esperado Regresso do Provedor do Público

Uma boa notícia no início de 2006: o Púbico voltou a ter Provedor. O jornalista Rui Araújo, novo ocupante do cargo, publica amanhã o seu primeiro texto.

05 janeiro 2006

Notícias tristes...

63. É o número de jornalistas mortos este ano... As notícias tristes de quem luta para levar as notícias aos outros...

04 janeiro 2006

Soares e a SIC

Acusações destas devem ser devidamente fundamentadas. Em que se baseia Mário Soares para dizer o que disse? Que dados concretos tem ele para o sustentar?
Se forem acusações verdadeiras, o público tem o direito de saber em que se fundamentam. Mas se forem falsas, são acusações muito graves, que põem em causa o prestígio de um canal de televisão, e dos profissionais que aí trabalham. E os jornalistas também não podem continuar a servir de "bode expiatório" no meio de querelas eleitorais...

Missão Jornalística ou Obtenção de Substâncias Ilícitas?

Não sou leitora do jornal Tal&Qual, e como tal não sabia deste caso noticiado hoje pelo Correio da Manhã. Mas parece-me curioso, e quem sabe uma boa oportunidade para reflectir sobre os limites da liberdade de imprensa.
O director do Tal&Qual refere a lei de imprensa para se defender, mas onde está o artigo que lhe assegure a impunidade num caso destes? Deve a PJ "ignorar" que o jornal adquiriu substâncias ilícitas, apenas porque o fez no contexto de uma reportagem jornalística? Estão os jornalistas acima da lei?
Na capa dessa edição do Tal&Qual pode ler-se: "Comprar não podia ser mais fácil e está ao alcance de todos", ao que ainda se acrescenta um destaque: "Nós já a recebemos!". Serviço público? Ou a quem quer consumir droga?
Parece-me que as questões a avaliar seriam: esta informação é importante para a sociedade? Se sim, como as vamos transmitir? É que há várias formas de dar a mesma notícia... e aí é que se vê a diferença entre um jornalismo sério e um jornalismo sensacionalista que em nome do "interesse público" acha que pode fazer tudo, e que está acima da lei...