"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

13 setembro 2005

5000... Um Número Demasiado Grande

Cerca de 5000... É este o número de jornalistas desempregados, em Portugal... Um número cruelmente verdadeiro para os que nele estão incluídos, e assustador para os aspirantes a essa profissão...
Todos os que estão a estudar para ser jornalistas, sabem que o que os espera não é animador. Mesmo quando se consegue arranjar emprego, muitas vezes trabalha-se de borla. Trabalha-se muito e recebe-se pouco.
Há muitos jornalistas para poucos postos de trabalho, esta é a realidade! Todos os anos saem das universidades centenas de novos jornalistas, que o mercado não consegue absorver. E é claro que os postos de trabalho não caem do céu, é necessário criá-los. E se calhar o problema é esse: é que nos últimos anos o mercado da comunicação social não tem criado muitas oportunidades novas, antes pelo contrário, verificaram-se despedimentos em alguns meios de comunicação social, e mesmo o fecho de jornais como A Capital e O Comércio do Porto. Senão vejamos: no panorama da imprensa, o mercado permanece igual, à excepção da entrada dos diários gratuitos. No entanto, estes não necessitam de muitos jornalistas para funcionarem. Por sua vez, na televisão, o aparecimento da SIC Notícias veio sem dúvida criar novas oportunidades para os recém-licenciados em jornalismo, nota-se que desde o início o canal faz um esforço por dar oportunidade a caras novas, o que é de louvar. A RTPN também veio abrir novas portas. Mas mesmo assim não chega... Porque no geral, continua a haver jornalistas a mais para trabalho a menos! Os grandes grupos económicos compram e vendem órgãos de comunicação social, aglomerando-os em grandes grupos, mas na verdade não criam nada de novo, apenas estão a mover aquilo que já existe. Não seria necessários criar novos projectos?... E quem sabe, talvez esses novos projectos pudessem passar cada vez mais pela internet, pelo jornalismo online...
Aqui fica a reflexão sobre o estado de coisas do jornalismo em Portugal, feita por uma aspirante a jornalista, que espera não vir a aumentar o terrível número dos 5000... um número demasiado grande para continuar a ser ignorado.

01 setembro 2005

Negócios dos Media...

Acabo de saber que a igreja Maná pretende adquirir uma participação no grupo Media Capital. Tal até não parece ser muito estranho, uma vez que a própria igreja Maná tem uma plataforma de televisão, a Maná Sat, que inclui dois canais de televisão emitidos por via satélite, e vai inaugurar brevemente mais um canal nas ilhas Canárias. Não me interessa aqui relflectir sobre o poder económico desta igreja (nem de outras), nem da forma como obtêm e aplicam o seu dinheiro. O que me interessa aqui é o jornalismo. E por isso, esta notícia só veio aprofundar os meus receios, e acentuar a questão que coloco tantas vezes: Onde é que fica o jornalismo no meio disto tudo?
Cada vez mais o jornalismo fica no meio de negócios, muitos negócios... grandes grupos económicos, compras, vendas, fusões... No meio disto tudo está o jornalismo, estão as pessoas que todos os dias trabalham para dar ao público as notícias. Mas, de uma maneira ou de outra, não o podem fazer sem estar sujeitas aos imperativos das impresas para as quais trabalham... e isso é que me preocupa verdadeiramente. Por um lado, com a formação de grandes grupos económicos, que detêm vários órgãos de comunicação social, vemos um jornalismo cada vez mais homogéneo, cada vez mais igual. Por outro, a pressão das audiências e das vendas traz cada vez mais um jornalismo feito à pressão, e portanto mal feito. E muitas vezes nem se podem culpar os jornalistas, meros peões num enorme jogo de interesses económicos, que têm de fazer tudo o que podem para assegurar o seu emprego...
É isto, fundamentalmente, que me preocupa. Também não tenho uma visão tão purista do jornalismo, que não compreenda que tem uma componente de negócio! Mas quando ele passa a ser um negócio, e quando ainda por cima esse negócio envolve misturas de vários ramos da sociedade, não posso deixar de me perguntar se o jornalismo, no meio disto tudo, pode continuar a ser isento...