"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

04 novembro 2005

Traduções Simultâneas

Confesso que não percebo isto: o hábito que os jornalistas de televisão têm de, quando está a ser transmitido um discurso em directo de uma qualquer personalidade, aproveitarem as pausas para introduzir comentários, parafraseando o que a pessoa acabou de dizer, como se estivessem a fazer uma tradução.
Tenho visto isto ser feito repetidas vezes e pergunto-me qual é a utilidade... O espectador ouve aquilo que acabou de ouvir da boca da própria pessoa repetido pelo jornalista, e pensa: "Então mas julgam que eu sou parvo? Isto acabei eu de ouvir!". Torna-se profundamente irritante.
Exemplo: Manuel Alegre diz: "O Presidente da República não pode assistir passivamente à ocupação partidária dos lugares de nomeação pública". E logo a seguir o bom do jornalista faz a "tradução" dizendo algo como: Manuel Alegre a defender aqui que o Presidente da República não pode assistir passivamente à ocupação partidária dos lugares de nomeação pública.
E pior que isto é quando o jornalista parafraseia erradamente, acrescentando coisas que a pessoa não disse, e fazendo a sua própria interpretação. É que se as falsas citações já são graves, ainda mais grave é quando são feitas em directo!
Parece que os jornalistas de televisão têm pânico de estar em silêncio, sentem-se na obrigação de dizer alguma coisa. A questão é que às vezes não há mesmo nada a dizer, ou melhor, aquilo que interessa ser dito está a ser dito por outra pessoa. O discurso fala por si, não são precisas traduções. E os comentários podem ser úteis se realmente acrescentarem algo de novo, um esclarecimento, algo que seja importante para o telespectador.
Há ocasiões, em que os jornalistas, como se costuma dizer, "perdem uma boa oportunidade para estar calados". E deixar falar o acontecimento...

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