"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

26 novembro 2005

A (Ir)Responsabilidade dos Media

O jornal Público dá hoje conta da deliberação da Alta Autoridade Para a Comunicação Social relativamente ao trabalho dos media no tratamento do famoso "arrastão" de Carcavelos.
Muito já foi dito e escrito sobre esse assunto, por isso não vou aqui mais "bater nessa tecla".
O que me parece ser preocupante é que o comportamento dos media nesta situação foi apenas um dos muitos sintomas da falta de sentido de responsabilidade que estes parecem ter enquanto formadores da opinião pública.
Informar é, cada vez mais, um acto de grande responsabilidade. E o que se passa hoje é que os media já não têm responsabilidade apenas na transmissão dos acontecimentos, podem agir também enquanto causadores desses mesmos acontecimentos. Podemos pensar por exemplo no papel que os media tiveram enquanto estimuladores dos distúrbios em França. Podemos questionar-nos se o facto de esses acontecimentos terem sido tão abundantemente noticiados não poderá ter tido influência nos próprios acontecimentos...
Não estou aqui a defender uma tese apocalíptica dos media (até porque espero fazer parte deles), o que defendo é mais cuidado na forma como a informação é dada, um pouco mais de consciência do importantíssimo papel dos meios de Comunicação Social.
E talvez essa formação para a responsabilidade dos jornalistas devesse começar nas próprias universidades, nos próprios cursos. Alertando para a necessidade de rigor, para a responsabilidade da profissão, para o poder que uma simples notícia pode ter... Porque ser jornalista não é só saber escrever notícias. E o que mais me preocupa é a formação de jornalistas autómatos, sem sentido crítico, e por isso incapazes de, por exemplo num acontecimento como o "arrastão", avaliarem aquilo que realmente se passou. E incapazes de pedirem desculpa quando manifestamente erraram.

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