"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

26 março 2005

Jovens Portugueses Grandes Consumidores de Imprensa (???)

Um novo estudo sobre o impacto da imprensa nos jovens portugueses, vem hoje no Correio da Manhã, com o título "Imprensa Cativa Jovens". Segundo esta sondagem (?) da agência de meios Media Planning, parece que afinal não temos razões para nos preocuparmos, porque os jovens portugueses, até se informam acima da média!..
É verdade, parece que a percentagem de jovens entre os 15 e os 24 anos que compram jornais e revistas até ultrapassa os níveis de consumo geral! As revistas batem os jornais (94% e 85,3% respectivamente), enquanto a rádio tem 72,9% de preferência. Já quanto ao género preferido, são os jornais generalistas e os desportivos os mais lidos, ocupando mais de metade do seu tempo de leitura. Os jovens adultos (entre 18 e 24 anos) questionados neste estudo revelam uma maior apetência para ler o ‘Jornal de Notícias’ (15,1%), seguido de ‘A Bola (13,6%), o ‘Record’ (13,2%) e o ‘Correio da Manhã’ (11,9%).
Ora bem, para começar, nem sequer vem referida a ficha técnica desta sondagem ou estudo, ou seja: população de inquiridos, área geográfica onde foram feitas as entrevistas, margem de erro, etc. E depois, este estudo não permite concluir que os jovens portugueses andam devidamente informados, mas sim que compram revistas (que podem ser do mais variado género) e jornais. E será que os jornais desportivos contribuem para a formação de um jovem enquanto cidadão?... Quanto muito, transformam-no num excelente "treinador de bancada"...
Ou seja, perdoem-me a desconfiança, mas este estudo não me parece corresponder à realidade, além de ser pouco preciso. Dizer que "a imprensa cativa os jovens" não é necessariamente dizer que as notícias cativam os jovens. E dizer que grande percentagem dos inquiridos ouve rádio, não explicita se ouvem notícias, ou somente música. Conluindo, este é um estudo meramente económico (indicador dos níveis de consumo), mas completamente opaco em relação àquilo que realmente interessa: estão os jovens portugueses devidamente informados?

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