"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

10 abril 2007

O Leitor Invisível

Na imprensa não há audiências. Há tiragens, há números de exemplares vendidos, mas não há maneira de saber quantos leitores leram determinado artigo ou notícia, quantos começaram, quantos acabaram, quantos ficaram a meio. Na televisão é possível saber isto, na imprensa não. Por um lado ainda bem. É um desafio acrescido para o jornalista que escreve, que não fica escravo das audiências, supostamente indicadoras da qualidade do seu trabalho.
Mas há um outro lado de uma certa angústia. Será que alguém vai ler o que escreve? Será que aquele artigo a que dedicou tantas horas vai ser apenas objecto de uma passagem de olhos rápida? O jornalista não sabe quantos leitores vai ter, nem quantos teve nos trabalhos anteriores. Não tem nada que lhe sirva de guia, não sabe se está a escrever para 10, para 1000, ou para 10000. O seu trabalho é apenas um no meio de outros, e reclama atenção e tempo - duas coisas que escasseiam cada vez mais nos nossos tempos.
O jornalista de imprensa não tem normalmente "feed-back" do seu trabalho. Ainda bem. É um desafio constante para fazer sempre melhor. Para cativar aquele leitor que nos escapou da última vez. A angústia de não saber se vamos ser lidos pode levar-nos a escrever melhor.

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