"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

27 março 2007

O Mediador

Vejo o jornalista como uma espécie de tradutor. Desconstrutor. Mediador. Esta última função parece bastante óbvia, uma vez que a sua profissão se insere naquilo a que chamamos os média. Mas a questão é que ela falha, se não existirem as outras duas.
Compete ao jornalista permanentemente fazer uma articulação de linguagens. Por ele passam todo o tipo de campos, do político ao económico, do ambiental ao jurídico. E ele tem de ter competência para lidar com todas estas formas diferentes de falar. E como é que o faz? Obviamente não é especialista em todas elas. Quanto muito pode ser especializado em alguma das áreas. Tem de ter portanto, uma espécie de "dicionário em branco". O que quer isto dizer? Um dicionário seu, permanentemente actualizável, que vai recebendo constantemente conceitos novos, para os quais tem de encontrar significados. É esse o seu desafio diário. É essa, a meu ver, uma das suas principais funções.
E quando um jornalista consegue desconstruir um conceito, a sua função mediadora está cumprida. Passou informação. Tornou-se perceptível. Porque é para um público complexo que ele trabalha, e não para uma elite restrita.
Acho que às vezes (demasiadas vezes) há jornalistas que se esquecem disto.

Sem comentários: