"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

01 setembro 2005

Negócios dos Media...

Acabo de saber que a igreja Maná pretende adquirir uma participação no grupo Media Capital. Tal até não parece ser muito estranho, uma vez que a própria igreja Maná tem uma plataforma de televisão, a Maná Sat, que inclui dois canais de televisão emitidos por via satélite, e vai inaugurar brevemente mais um canal nas ilhas Canárias. Não me interessa aqui relflectir sobre o poder económico desta igreja (nem de outras), nem da forma como obtêm e aplicam o seu dinheiro. O que me interessa aqui é o jornalismo. E por isso, esta notícia só veio aprofundar os meus receios, e acentuar a questão que coloco tantas vezes: Onde é que fica o jornalismo no meio disto tudo?
Cada vez mais o jornalismo fica no meio de negócios, muitos negócios... grandes grupos económicos, compras, vendas, fusões... No meio disto tudo está o jornalismo, estão as pessoas que todos os dias trabalham para dar ao público as notícias. Mas, de uma maneira ou de outra, não o podem fazer sem estar sujeitas aos imperativos das impresas para as quais trabalham... e isso é que me preocupa verdadeiramente. Por um lado, com a formação de grandes grupos económicos, que detêm vários órgãos de comunicação social, vemos um jornalismo cada vez mais homogéneo, cada vez mais igual. Por outro, a pressão das audiências e das vendas traz cada vez mais um jornalismo feito à pressão, e portanto mal feito. E muitas vezes nem se podem culpar os jornalistas, meros peões num enorme jogo de interesses económicos, que têm de fazer tudo o que podem para assegurar o seu emprego...
É isto, fundamentalmente, que me preocupa. Também não tenho uma visão tão purista do jornalismo, que não compreenda que tem uma componente de negócio! Mas quando ele passa a ser um negócio, e quando ainda por cima esse negócio envolve misturas de vários ramos da sociedade, não posso deixar de me perguntar se o jornalismo, no meio disto tudo, pode continuar a ser isento...

2 comentários:

S disse...

Um "post" bastante pertinente, diga-se de passagem. Porém é mesmo uma realidade o facto do jornalismo ser e estar cada vez mais condicionado por interesses económicos, empresariais e partidários. Pelos vistos até mesmo os interesses religiosos exercem uma enorme pressão e influência nos Media actuais. Uma das razões que estão a levar ao aparecimento de condicionalismos neste meio é sem dúvida a aglomeração dos meios de comunicação em grandes grupos nacionais e internacionais com um poder de capital fortíssimo e que, como é óbvio, limitam a diversidade e a liberdade informativa. Grupos, como a Media Capital, que têm na sua posse vários tipos de meios de comunicação (rádios, jornais, televisões, revistas...)exercem excessivais e desleais influências nos vários sectores da sociedade, levando também, por arrasto, a que as pessoas ponham em causa a credibilidade e isenção desses mesmos meios, deixando ficar também uma certa imagem de existência de "lobbies" no sector informativo e comunicacional.
Esperemos que o negócio e os valores monetários não se sobreponham aos valores jornalísticos e a conduta deontológica do jornalista...

Anónimo disse...

Interesses económicos, partidários, etc... e até da maçonaria. Isto fez-me lembrar quando, há algum tempo atrás, a Maçonaria mostrou-se interessada em ter uma participação na RTP2... Não que isso seja importante, se já lá andam todos (nos orgãos de comunicação), mais um menos um...
Lá vai o jornalismo para o cano esgoto...