"If I ever allow genuine compassion to be overtaken by personal ambition, I will have sold my soul" - James Nachtwey

03 dezembro 2006

"Show, Don't Tell"

"Show, don't tell". Mostra, não digas. Máxima jornalística que defende que o jornalista, mais do que guiar o espectador, ouvinte, leitor, para aquilo que deve pensar ou sentir sobre o assunto que está a ser apresentado, lhe deve, simplesmente, mostrar.
Nem sempre é fácil escapar à transgressão desta máxima. E quando estão em causa os temas de interesse humano, ainda mais há o perigo de incorrer nela.
Dou como exemplo deste fenómeno que vejo acontecer não raras vezes no jornalismo, a reportagem que passará hoje na SIC, sobre pessoas que sofrem de paralisia cerebral. Ao ler na SIC online o resumo da dita, deparo-me com um entusiasmo natural do jornalista que a fez. No entanto, quando esse entusiasmo passa a ser quase que uma "lição de moral", ou uma antecipação de qual vai ser a reacção do espectador, a mim coloca-se um problema: é que o jornalista já pensou por mim. Já concluiu o que aquilo me vai mostrar. Então, à partida, já estou limitada na recepção da reportagem.
Deixo, para ilustrar o que expus, o último parágrafo do resumo:
"São pessoas como estas, que nos remetem para a nossa verdadeira dimensão, que lhes quero apresentar no domingo, na Grande Reportagem, “O Triunfo da Vontade”, logo a seguir ao Jornal da Noite. Aposto que não lhes vai ficar indiferente"
Quem estiver interessado, pode ler o resto no site da SIC.
É claro que, independentemente disto, a reportagem em causa poderá ser (e assim o espero) um excelente trabalho jornalístico. Que não deixe indiferente quem a vir. Mas pelo que mostrou, e não pelo que disse.

1 comentário:

Flávio Gonçalves disse...

Os jornalistas modernos têm esse enorme defeito de colocar as suas opiniões nos textos notíciosos, esquecem-se que não estão a escrever uma crónica de opinião pessoal.

Enfim... o Grande Irmão doutrinou-os bem sobre o que é certo e errado pensar.